“Existem manhãs em que abrimos a janela, e temos a impressão de que o dia está nos esperando.”

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A ARTE DE OUVIR O COLORIDO DE UMA BOA MUSICA



Hermínia grande companheira das noites de boemia, suas cordas já acostumadas ao Jazz, Blues e Rock, viviam afinadas. Conhecia todos os acordes, como quem conhece um grande amor. As mãos do musico deslizavam em seu corpo, como caricias de dois amantes. Ela vivia por ele, e ele vivia dela, unidos pela paixão á musica. Varavam noites adentro, tocando e encantando outros amantes.
Todo o final de semana, Hermínia ressurgia cada vez mais charmosa, cordas afinadas, as letras todas já repassadas e memorizadas, o musico a tomava com todo o carinho ao colo e a levava ao palco, onde os dois se tornavam um só, instrumento e alma unidos na musica.
O tempo foi passando, Hermínia se desgastando e o musico amadurecendo...
Seu corpo azul profundo, já demonstrava as marcas do tempo, já não brilhava como antes, foi quando surgiu Frank o violão, imponente tocador, que se tornou à nova atração.
Deixada em um canto, Hermínia ficou esquecida por um bom tempo.Outras guitarras foram aparecendo, Frida, e Chilly Willy, cada qual com seus atributos e encantos.As histórias tocadas, os lamentos, agora faziam parte da vida de Hermínia, suas cordas retiradas, o azul de seu corpo já não existia mais, Hermínia agora se resumia em pedaços, como um quebra cabeças não terminado.Frank, Frida e Chilly Willy, participavam freneticamente da vida do músico, festas shows, barzinhos.E o tempo foi passando, e Hermínia largada num canto, atenta a qualquer movimento do musico, suas novas canções, suas alegrias e decepções.
Queria mostrar seus sentimentos, dizer, eu sou sua companheira para todos os momentos, coloque minhas cordas afinadas, toma-me em seus braços, e deixe-me sorrir e chorar com você, mas Hermínia continuava calada, sem nada poder dizer. O musico passou por várias fases na vida, esquecendo-se até da velha companheira de outrora, que ficou completamente abandonada, largada no meio de tralhas e sonhos que ficaram para trás.Certo dia, como se a vida conspirasse a favor de ambos, surge o pincel juntamente com a artista. Grande sintonia aconteceu entre os dois artistas. Tanto o músico como a artista plástica que viviam isolados em seus ateliês, e estúdios; agora juntos musica e pintura, dois universos que se
completavam.O musico resgata seus sonhos, e junto com ele Hermínia.O pincel com sua magia, encanto e sua arte de colorir imaginação, ouve Hermínia chorando, quis saber o porque de tanta tristeza.Hermínia confidenciou ao seu novo amigo pincel, toda sua trajetória, alegrias, tristezas, até o momento em que se transformara em uma simples e esquecida parte de uma guitarra.Comovido com que acabara de escutar, todo aquele lamento, o pincel disse: “Fica calma amiga Hermínia, pra tudo existe um tempo, vou te transformar na guitarra do momento”.Usando seu talento, a pintora e o pincel começaram a trabalhar, desenhos daqui, cores de lá.E dia após dia, uma nova Hermínia surgia.Agora Hermínia Pimenta, renasce, como a Fênix renasce das cinzas. No mundo não existe outra igual, em breve estará novamente nos palcos, tocando e emocionando pessoas como eu, que admira a arte de ouvir o colorido de uma boa musica.


Texto em homenagem ao musico,compositor e cantor Rick Capellano, e a artista plástica Paula Aquarela.

Autora do post Eliana Prestes

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